Depressão durante a gravidez: mais comum do que você imagina!

A depressão durante a gravidez é algo mais comum do que você imagina, cerca de uma em cada sete gestantes podem apresentar essa doença.

Dr Rafael Bruns

Autor:

leitura 7min

atualização

Publicidade

Pesquisas sugerem que 1 em cada 7 mulheres sofrem de depressão durante a gravidez – você é uma delas?

É bastante comum falar em depressão puerperal, mas você sabia que a depressão pode ocorrer ainda durante a gravidez? A gravidez é idealizada como um dos momentos mais felizes da vida e uma mulher, entretanto, para algumas mulheres é um momento de confusão, medo, estresse e até depressão. A depressão é um transtorno do humor caracterizado por um sentimento persistente de tristeza e perda de interesse pelas coisas. Ela é mais frequente em mulheres do que em homens (2:1) e é mais comum durante a idade reprodutiva da mulher.

Depressão na Gravidez

Por que é difícil diagnosticar a depressão durante a gravidez?

Alguns sintomas da depressão, como alterações do sono, disposição, apetite e libido são sintomas comuns durante a gravidez. Por vezes você ou o seu médico poderão atribuir estas alterações a sintomas da gravidez e o quadro de depressão pode ficar sem diagnóstico.

Algumas mulheres também não se sentem à vontade para discutir estes sintomas em profundidade com o seu médico as alterações de humor que ocorrem durante a gravidez, em especial por conta do estigma associado a depressão. Obviamente há também uma tendência a se concentrar mais na saúde física durante a gravidez do que na saúde mental.

Quais são os principais fatores de risco para a depressão durante a gravidez?

Os principais fatores de risco associados a depressão na gravidez são:

  • Ansiedade
  • Estresse
  • História de depressão
  • Apoio social deficiente
  • Gravidez indesejada
  • Problemas conjugais
  • Complicações da gestação
  • História de abuso ou trauma

Observe que a dupla gravidez indesejada e problemas conjugais são fatores de risco importantes. O apoio do parceiro durante a gravidez pode ser um bálsamo, oferecendo conforto emocional e físico, bem como auxiliando nas questões práticas da gestação. A presença e a participação ativa do parceiro podem proporcionar uma experiência de gravidez mais serena e compartilhada.

Entretanto, na jornada da mãe solo, o cenário é diferente. Nesta situação, a gestante assume sozinha todas as decisões, encargos e cuidados. Neste ponto, a resiliência se torna uma competência vital. A resiliência capacita a mãe solo a lidar com obstáculos, adaptar-se a mudanças, extrair aprendizados de desafios e, sobretudo, seguir adiante, intensificando o vínculo único com o seu bebê. A maternidade solo pode ser um desafio, porém, também é uma aventura de descoberta pessoal, fortaleza e devoção sem limites.

É possível previnir a depressão?

Para muitas pessoas, o exercício regular ajuda a criar sentimentos positivos e melhorar o humor. Obter um sono de qualidade regularmente, manter uma dieta saudável e evitar o álcool (um depressivo) também pode ajudar a reduzir os sintomas da depressão. O álcool deve ser evitado na gestação pois também pode provocar a síndrome alcoólica fetal.

Como saber se estou com depressão durante a gravidez?

É normal e comum passar por momentos de tristeza. Na depressão geralmente estes momentos são persistentes, durando por pelo menos duas semanas. Mulheres com depressão geralmente apresentam alguns dos seguintes sintomas por 2 semanas ou mais:

  • Tristeza persistente
  • Dificuldade de concentração
  • Dormir muito pouco ou demais
  • Perda de interesse em atividades que você geralmente gosta
  • Pensamentos recorrentes de morte, suicídio ou tristeza
  • Ansiedade
  • Sentimentos de culpa ou inutilidade
  • Mudança nos hábitos alimentares

Algumas pessoas podem ter poucos sintomas e outras podem ter muitos. Com que frequência os sintomas ocorrem, quanto tempo duram e com que intensidade pode ser diferente para cada pessoa.

Se você apresenta estes sintomas converse com seu médico sobre isso. Talvez seja importante procurar um médico psiquiatra. Não se deixe abater pelo estigma associado as médico psiquiatra e as doenças mentais.

Para ajudar a identificar a depressão puerperal, também é possível utilizar nossa ferramenta para diagnóstico de depressão puerperal. Ela utiliza a chamada escala de Edimburgo para identificar as puérperas de risco para depressão.

A depressão durante a gravidez pode prejudicar o bebê?

A depressão não tratada pode potencialmente trazer riscos para a mãe e para o bebê. A depressão não tratada pode levar a quadros de desnutrição, alcoolismo, fumo, uso de drogas ilícitas, comportamento suicida, etc. Todos estes problemas podem desencadear um parto prematuro, ou restrição de crescimento do bebê.

Além disso, os bebês nascidos de mães com depressão podem ser menos ativos, apresentar menor atenção ou ser mais agitados que os bebês nascidos de mães não deprimidas. É por isso que obter a ajuda certa é importante para a mamãe e para o bebê.

Qual é o tratamento para a depressão durante a gravidez?

Se você sentir que pode estar sofrendo de depressão, o passo mais importante é procurar ajuda. É importante conversar com o seu médico, mesmo que você ache que está passando por parte dos altos e baixos normais durante a gravidez e, principalmente, se os sintomas persistirem por duas semanas ou mais. E se você está pensando em morte ou suicídio, deve procurar ajuda imediatamente. Caso você seja diagnosticada com depressão o seu médico poderá prescrever psicoterapia isolada ou associada com antidepressivos. Não se preocupe, existem medicações seguras para serem usadas durante a gravidez.

A depressão termina quando o bebê nasce?

Depressão na gravidez normalmente não resolve com o parto, um quadro de depressão puerperal pode agravar a depressão da gravidez. É provável que a depressão piore após o parto, necessitando de tratamento mais agressivo. Por isso que é tão importante procurar tratamento o mais breve possível.

Categorias: Dúvidas, Gestantes
Visualizações: 5464

Publicidade