Comer a Placenta: Uma Prática Milenar ou Moda Contemporânea?

Conheça a prática de comer a placenta, suas origens, benefícios alegados e a posição dos médicos obstetras sobre o assunto.

Dr Rafael Bruns

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Comer a Placenta

A prática de comer a placenta, também conhecida como placentofagia, tem despertado curiosidade e controvérsia. Em meio a relatos de celebridades e a ascensão de uma indústria especializada, este artigo se propõe a investigar a origem cultural e histórica dessa prática, examinar as alegações de saúde associadas ao consumo da placenta e avaliar as pesquisas científicas disponíveis sobre os benefícios e riscos associados.

O que é Placentofagia?

Primeiramente, vamos entender o conceito. A placentofagia refere-se ao ato de consumir a placenta após o parto. Durante a gravidez, este órgão único se forma e desempenha o papel vital de conectar o feto à mãe, permitindo a troca de nutrientes e oxigênio.

A natureza, em sua sabedoria, fez com que muitos mamíferos terrestres adotassem essa prática. Se observarmos o comportamento animal, notaremos que a ingestão da placenta é algo corriqueiro para mais de 4000 espécies. Essa observação levanta uma questão intrigante: por que esses animais fazem isso e quais seriam os potenciais benefícios?

Raízes Históricas da Placentofagia

Embora o fenômeno seja comum no reino animal, a história da placentofagia humana é menos clara. Não há muitas evidências de sociedades antigas onde a prática fosse rotineira. Porém, a Medicina Tradicional Chinesa oferece registros de uso da placenta seca como um remédio pós-parto. Contudo, em cenários mais modernos, principalmente nas cidades industrializadas, a tendência tem crescido, adotando formas variadas de consumo, desde a ingestão crua até em forma de cápsulas ou chás.

Por que algumas pessoas optam por comer a placenta?

Os defensores da placentofagia alegam que comer a placenta pode proporcionar uma série de benefícios para a saúde, incluindo uma recuperação pós-parto mais rápida, um aumento na lactação e uma melhora no humor.

Pesquisas Científicas sobre a Placentofagia

A placentofagia, ou o ato de consumir a placenta após o parto, tem sido um tópico de interesse tanto na cultura popular quanto na comunidade científica. Muitas das alegações de benefícios dessa prática são baseadas em tradições ancestrais e testemunhos pessoais, mas o que a ciência tem a dizer sobre isso?

  1. Origens e Contexto Histórico: O fenômeno de comer a placenta é comum no reino animal, especialmente entre mamíferos terrestres. Este comportamento natural tem sido estudado para entender seu propósito evolutivo e possíveis benefícios.
  2. Benefícios Alegados: Há relatos que sugerem que a ingestão de placenta pode ajudar a combater a depressão pós-parto, melhorar a lactação, fornecer uma fonte de nutrientes e até atuar como analgésico natural. No entanto, a validação científica dessas alegações varia.
  3. Estudos em Animais: Pesquisas realizadas em animais, como ratos e primatas, mostraram que a placentofagia pode ter vários benefícios, como facilitar a ligação mãe-filho e ajudar na recuperação pós-parto. No entanto, é crucial entender que o que é observado em animais nem sempre se traduz diretamente para os seres humanos.
  4. Pesquisas em Humanos: Os primeiros estudos científicos sobre placentofagia em humanos datam do início do século XX. Pesquisas mais recentes têm examinado os possíveis benefícios nutricionais e hormonais da ingestão da placenta. Alguns estudos sugerem benefícios, enquanto outros não encontram efeitos significativos ou até mesmo apontam possíveis riscos.
  5. Segurança e Riscos: Questões sobre a segurança da ingestão da placenta têm sido levantadas, especialmente em relação à contaminação bacteriana ou à ingestão de toxinas.
  6. Conclusões: Até o momento, a evidência científica sobre os benefícios de comer a placenta em humanos permanece mista. Embora possa haver alguns benefícios potenciais, também existem riscos associados. Profissionais da saúde devem aconselhar gestantes interessadas na placentofagia a proceder com cautela e a buscar informações de fontes confiáveis.

Preparação e Consumo da Placenta: O Que Você Precisa Saber

Para quem está considerando essa opção, é fundamental aprender a preparar e consumir a placenta de maneira segura e eficaz. Vamos mergulhar neste tópico e entender mais sobre as diferentes formas de preparação e consumo da placenta.

  1. Métodos Tradicionais:
    • Medicina Tradicional Chinesa: Uma das práticas mais antigas envolve secar a placenta e transformá-la em pó, que é depois consumido em cápsulas ou incorporado em alimentos. Esta forma de consumir a placenta é frequentemente associada a antigos remédios chineses.
  2. Consumo Cru e Cozido:
    • Algumas mães optam por comer a placenta crua, muitas vezes em batidos com frutas e outros ingredientes naturais. Também é possível cozinhá-la, assim como se faria com outros órgãos, transformando-a em pratos como sopas ou guisados.
  3. Encapsulamento:
    • Este é, provavelmente, o método mais popular atualmente. Envolve desidratar a placenta, moê-la até virar pó, e depois encapsulá-la. Estas cápsulas são então tomadas como um suplemento ao longo de várias semanas ou meses.
  4. Tinturas e Essências:
    • Alguns profissionais transformam a placenta em tinturas, que podem conservar por um longo período. Geralmente, as pessoas consomem algumas gotas por dia, diluindo-as em água.

A Opinião dos Médicos

A ingestão da placenta após o parto tornou-se uma prática adotada por algumas enfermeiras e obstetras que defendem o parto humanizado. Em um determinado período, elas entregaram placentas encapsuladas para mães que desejaram consumir o órgão no pós-parto. A inspiração para isso veio após o parto de uma paciente estrangeira. Embora alguns locais internacionais adotem essa prática, o Brasil não reconhece amplamente seus benefícios. Segundo defensores da prática, a ingestão da placenta pode repor nutrientes perdidos durante a gestação e ajudar no pós-parto, aumentando a produção de leite e reduzindo oscilações de humor. No entanto, organizações médicas nacionais não apoiam essa técnica, devido à falta de evidência científica que comprove os benefícios de ingerir a placenta. Sem comprovações, não se pode assegurar se a prática é benéfica ou não.

No Brasil a FEBRASGO (Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia desaprova a ingestão da placenta!

Conclusão

Em conclusão, é importante que as gestantes estejam cientes e bem informadas sobre todas as práticas relacionadas ao parto e pós-parto. A ingestão da placenta, embora adotada por algumas pessoas e respaldada por tradições em certas culturas, carece de respaldo científico claro sobre seus benefícios. A Sociedade Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, uma autoridade reconhecida no campo, desaprova a prática devido à falta de evidências que comprovem sua eficácia e segurança. Assim, é essencial que cada mãe tome decisões com base em informações confiáveis, priorizando sempre sua saúde e a de seu bebê.

Categorias: Dicas, Gestantes
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