Síndrome da Banda Amniótica

Partes do corpo do feto podem ser apanhados e enrolados em bandas semelhantes a cordas e causando constrições chamadas de síndrome da banda amniótica.

Dr Rafael Bruns

Autor:

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Banda Amniótica

Vídeo cortesia do Dr. Jader Cruz – The Fetal Medicine Foundation

Síndrome da Banda Amniótica

Síndrome da banda amniótica é um grupo de defeitos congênitos causado pelo aprisionamento de partes fetais (geralmente um membro ou dedos) em bandas amnióticas fibrosas.  Portanto isto pode causar anormalidades que podem ser identificadas no ultrassom ou apenas ao nascimento. Assim também é conhecida como sequência da banda amniótica, bandas de constrição congênita ou brida amniótica.

Sua prevalência é de 7,7:10.000 nascidos vivos, mas pode chegar a 178:10.000 quando consideramos abortamentos. A etiologia desta doença é desconhecida, mas alguns autores associam a síndrome da banda amniótica com teratógenos. O diagnóstico é realizado pelo exame de ultrassom e o tratamento depende do órgão ou região afetada.

Acredita-se que a síndrome da banda amniótica ocorre quando o âmnio sofre alguma ruptura, sem causar prejuízos ao córion (ruptura parcial), e bandas fibrosas passam a flutuar no líquido amniótico junto com o feto, podendo levar ao aprisionamento de partes do feto, como braços, pernas, dedos, dentre outras. Subsequentemente, haverá o crescimento fetal, mas das bandas não, ocorrendo, deste modo, as constrições. Assim sendo leva à redução da circulação sanguínea, resultando em anomalias congênitas.

Como resultado das constrições podemos citar:

  • Anéis de constrição ao redor dos dedos, braços e pernas;
  • Linfedema congênito (edemaciação das extremidades distal até o local de constrição);
  • Amputação congênita de dedos, braços e pernas;
  • Deformidades do pescoço ou da face, como lábio leporino e fenda palatina.
síndrome da banda amniótica

Exemplos de casos de Síndrome da Banda Amniótica

Classificação Ultrassonográfica

Sem dúvida o diagnóstico pode ser realizado por ultrassonografia. Entretanto o examinador precisa estar atendo para o principal diagnóstico diferencial é a sinéquia uterina. Em princípio a síndrome da Banda Amniótica pode ser classificada da seguinte forma:

  1. Banda amniótica sem sinais de constrição
  2. Constrição sem sinais de comprometimento vascular (Doppler normal quando comparado ao membro contralateral), pode haver deformidade
    • Linfedema discreto ou ausente
    • Linfedema importante
  3. Constrição importante com comprometimento vascular. O fluxo deve ser avaliado em todas as porções (proximal, sobre a constrição e distal)
    • Doppler distal alterado quando comparado com membro contralateral
    • Sem fluxo vascular na extremidade
  4. Encurvamento ou fratura óssea em extremidade
  5. Amputação intra-uterina

Obs: em condições normais o IP e a velocidade de fluxo deve ser simétrica nos membros. Mesmo as bandas classificadas entre 2 a 5 podem não ser vistas ao ultrassom.

Tratamento

Acima de tudo, a síndrome da banda amniótica não causa risco aumentado para a mãe durante a gravidez. Como resultado, a maioria das complicações das bandas amnióticas é tratada após o nascimento. Por fim, para casos mais graves, uma avaliação detalhada da situação é necessária antes que a cirurgia fetal possa ser considerada como uma opção.

A princípio, nos casos em que a situação é menos grave, a cirurgia fetal não é recomendada e quaisquer complicações serão tratadas após o nascimento por cirurgia reconstrutiva. Todos os casos de síndrome de banda amniótica devem ser monitorados por ultrassonografia durante a gravidez, para potencial aumento da gravidade.

Casos mais graves podem ser considerados para cirurgia fetal, desde que os riscos maternos e fetais da cirurgia sejam pequenos. Uma avaliação completa é necessária antes de prosseguir com a cirurgia fetal, pois cada caso de síndrome da banda amniótica é único e complicações adicionais podem estar presentes. A cirurgia fetal pode ser uma opção de tratamento em casos selecionados. Isso pode ser oferecido quando a banda está em torno de um membro e causando inchaço e obstrução do fluxo sanguíneo para o membro. Em resumo, os cirurgiões fetais podem entrar no útero com um pequeno instrumento e tentar cortar a faixa ao redor do membro. Isso pode ser feito interrompendo a banda com um laser ou cortando a banda com um instrumento afiado.

Referências

  1. Amniotic Band Syndrome
  2. Hüsler, MR et al. When is fetoscopic release of amniotic bands indicated? Review of outcome of cases treated in utero and selection criteria for fetal surgery. Prenat Diagn. 2009 May;29(5):457-63
  3. UCSF Fetal Treatment Center
Categorias: Médicos, Vídeos
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